EDUCAÇÃO FINANCEIRA – COMECE POR AQUI.
Educação financeira é um termo amplo que une em uma categoria uma série de aspectos sobre o que você deve saber para lidar com o dinheiro. Educação financeira engloba desde como você organiza o seu orçamento (receitas-despesas) até coisas muito mais complexas como os aspectos do ciclo econômico que afetam o seu dia a dia e futuro. Parece um tema indigesto mas não é. Pelo contrário, é fascinante. Este artigo será uma curta introdução ao assunto. Comece por aqui!
APRENDER A LIDAR COM DINHEIRO. Ao aprender lidar com o seu dinheiro, você pode fazer planos para curto, médio e longo prazo. Isso é muito bom! Consegue ter uma vida financeira mais equilibrada e paz de espírito. Isso independe de quanto você ganha! Você pode ganhar um salário-mínimo e ter uma vida financeira equilibrada e ter ganhos de 20 salários/mês e ser completamente endividado.
DINHEIRO TRAZ FELICIDADE? Relação entre felicidade e dinheiro é complexa, mas segundo alguns estudos realizados, inclusive o do economista Richard Easterlin mostrou que sim, dinheiro traz mais bem-estar e felicidade. No entanto, o que ele mostrou de mais interessante no estudo, não foi isso. O que ele mostrou é que existe um valor no qual acréscimos não são capazes de gerar mais felicidade. Leia o estudo aqui (apenas em inglês – utilize Google tradutor, se for o caso).
Falando claramente, existe um valor financeiro no qual ficamos satisfeitos e nossa felicidade não é mais afetada pela quantidade de dinheiro que temos. Isso varia de pessoa para pessoa, felicidade é algo subjetivo. O que me faz feliz pode ser tão barato quanto arroz, feijão, bife e batata frita e um bom livro. Para você, pode ser uma viagem internacional em primeria classe e hotel cinco estrelas em Paris, duas vezes no ano. As pessoas são diferentes e tudo bem!

INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA. Ao ao se educar financeiramente, você terá uma chance de atingir esse valor e sua felicidade não será mais afetada pelo dinheiro. Sem educação financeira, você não terá a mínima chance. Mas educação financeira não é uma disciplina que aprendemos desde pequenos na escola (infelizmente). Não é como matemática, português…na realidade existem muitas pessoas com pouco ou nenhum estudo formal que é bastante educado financeiramente.
Eu aprendi a lidar com dinheiro apenas quando terminei a residência médica. Na residência eu morava no alojamento do Hospital, comia no refeitório do Hospital e meu pai pagava meu seguro saúde. Minhas obrigações financeiras naquela época eram: internet do alojamento – que dividíamos eu e os demais residentes. Eu já investia em ações e juntava dinheiro para comprar meu carro. Não tinha mais nenhum compromisso financeiro. Contas a pagar…nada. Também não tinha objetivos a curto, médio e longo prazo. Só queria aprender a especialidade médica.
Eu sabia que no dia que terminasse a residência ficaria sem casa, sem eletricidade, sem água e sem comida. Primeira coisa que todo ser humano que vive num sistema capitalista deveria ter em mente é que existe um custo para que ele não more na floresta, não pegue chuva, não precise caçar seu alimento, não precise de um rio para beber água.
ORÇAMENTO É O PONTO DE LARGADA. Quando terminei a residência, fiz uma conta simples a respeito do meu custo de vida: vou dar uma média de tantos plantões por mês, vou ganhar tanto por plantão, vou descontar os impostos, vai me sobrar X reais para moradia, alimentação, eletricidade, saneamento e lazer. Com essa projeção na mão, fui procurar um apartamento para alugar! Desnecessário dizer que quebrei a cara! Já no primeiro apartamento, ao discutir as condições de pagamento do aluguel, fiquei sabendo que precisaria adiantar o valor de três aluguéis pois não tinha fiador. Para ligar eletricidade, gás e água do apartamento, tudo teria um custo e uma burocracia associada. Eu teria que estar em casa para autorizar o procedimento – nada de dar plantão nestes dias. Foi nessa época que entrou na minha mente a importância de ter um inventário de despesas e receitas. O nome bonito é orçamento doméstico ou orçamento pessoal.
O seu orçamento pessoal inclui os custo fixos e os variáveis. Os custos fixos são aqueles que te impedem de ter que viver na floresta: aluguel, eletricidade, saneamento, alimentação, transporte e impostos. Geralmente são despesas mensais que não variam muito mês a mês. Você sabe que as terá por anos. Existem os custos variáveis que geralmente são despesas que você escolhe ter! Você opta por tê-las por conforto, comodidade, facilidade, lazer, prazer.
CLAREZA PARA O QUE É DESPESA FIXA E O QUE É DESPESA VARIÁVEL. Separar o que é despesa fixa da variável pode ser um pouco complicado porque envolve a frase “eu mereço”. E é real. Muitas vezes, você merece! No entanto, temos que ser mais objetivos e sinceros. Não é uma questão de merecimento! É sobre conseguir atingir objetivos de curto, médio e longo prazo. Você terá que abrir mão de alguma satisfação agora para atingir a recompensa depois. Vamos discutir mais sobre isso nos posts sobre juros compostos e orçamento doméstico.
Por exemplo, supondo que você ganhe um carro. Um carro traz despesas fixas com gasolina, seguro, impostos e revisões. Os custos podem variar um pouco ao longo do ano mas existirão e são mais ou menos previsíveis. Esses custos devem estar no seu orçamento doméstico como despesas fixas associadas ao carro. Se você não pode arcar com os custos fixos do carro, melhor vendê-lo. Quando puder, você o compra. Que tal colocar isso como uma meta de médio prazo?
Agora, supondo que você ganhe o carro e consiga mantê-lo por anos até o momento, que resolve trocá-lo. Trocar o carro para um modelo mais moderno, é uma escolha sua. Além das despesas fixas relacionadas ao próprio automóvel, você terá que pagar a diferença de valor entre o modelo novo e o antigo. Essa será uma despesa variável no seu orçamento. O carro novo foi uma escolha. Foi uma escolha SUA gastar SEU dinheiro comprando um carro novo. Se você tem o dinheiro, não vejo problema. Você também pode escolher comprar uma viagem de férias, ir a um show… Estas despesas variáveis também devem ser incluídas no seu orçamento doméstico.
DINHEIRO NÃO DÁ EM ÁRVORE. Você teoricamente só deve se comprometer com essas despesas se elas couberem no seu orçamento! Se você tiver dinheiro para pagá-las. Existem basicamente três maneiras de conseguir dinheiro honestamente:
- Ganhar o dinheiro – ganhar mesmo – herança, casar com marido rico, loteria, BBB…
- Excercer um ofício. Trocar tempo excercedo o ofício por dinheiro – o mais usual. Famoso trabalho.
- Investimentos – fazer o dinheiro trabalhar para você.
Na categoria 1, mesmo ganhando muito dinheiro, se você não souber lidar pode perder toda a grana. Perde sua herança, todo o prêmio de loteria, toda a mesada do marido. Não é incomum milionários que perderam tudo. A educação financeira, pode lhe dar uma vida super confortável.
A maioria da população se enquadra na 2ª maneira de conseguir dinheiro e geralmente são as que mais se beneficiam da educação financeira. Incluo nesta categoria, um pessoal super importante os aposentados e pensionistas. Essa categoria é a que mais se esforça para manter um orçamento equilibrado no dia a dia entre receitas e despesas.
O pessoal da 3ª categoria já vive dos seus investimentos, já tem algum grau de educação financeira. É o pessoal que tem alguns imóveis e vivem dos aluguéis, são aquelas pessoas que tem dinheiro investido e vivem dos rendimentos. Do ponto de vista financeiro, vivem uma vida mais tranquila, podem trabalhar ou não. Não dependem do trabalho para ter as contas pagas e lazer. Vivem na prática o poder dos juros compostos.
Infelizmente sendo herdeiro ou obtendo dinheiro suado depois de um mês de trabalho, as despesas fixas consomem boa parte do salário da maioria das pessoas. Geralmente, quanto mais você ganha, mais você aumenta seus custos fixos em busca de mais conforto, luxo e prazer. Independente do seu salário. Você pode ganhar um salário mínimo e pagar seus custos fixos com 60% do valor, você pode ganhar 20 salários mínimos e seus custos fixos podem corresponder a 60% do valor. O que muda é o local onde você aluga um apartamento, o tamanho do apartamento, de quanto você paga de eletricidade, de quanto você paga em saneamento, educação, impostos, qual o seu lazer…
Isso tudo é muito simples de entender. Você possui despesas fixas e variáveis na vida e seu salário mensal deve ser suficiente para cobrí-las. No entanto, para muitos trabalhadores, a falha é aí. Gastam mais do que ganham e não chegam na próxima lição da educação financeira.

DÍVIDAS. Muita gente vive em um padrão acima do que a sua renda permite e para estes, não existe solução fácil – ou diminui o padrão de vida por um período ou aumenta a renda. Caso contrário, infelizmente serão eternos endividados e viverão de contra-cheque em contra-cheque, de salário em salário até o dia que uma despesa inoportuna e inesperada irá acabar com o malabarismo de cada mês. Serão obrigados a diminuir o padrão de vida ou terão que ser ajudados por amigos, parentes ou governo. Não são pessoas que não trabalham, encostadas. Não. São endividados que fizeram escolhas erradas nas horas erradas. Só que o sistema, não perdoa.
Para quem pensa que só pessoas de classe baixa tem esse problema, não é o caso. Tem muitos casos de pessoas, bem empregadas, com salário em torno de 10 mil/mês que teve carro recolhido pelo banco pois não pagou financiamento, que mudou as crianças de escola pois tinha dificuldade para pagar a mensalidade, que suspendeu seguro saúde… Se endividar é muito fácil. A primeira missão de todo endividado é reduzir custos de vida e pagar a dívida. Leia aqui a pesquisa mais recente sobre endividamento e inadimplência do consumidor. Veja que o endividamento atinge todas as camadas sociais.
Caso você não tenha um orçamento doméstico bem estabelecido, ao realiza-ló você provavelmente se identificará em uma das categorias abaixo:
- Despesas fixas + despesas variáveis = gasto tudo, utilizo o limite do cartão de crédito e não pago a fatura inteira, pago parte da dívida. Endividado! Se afogando!
- Despesas fixas + despesas variáveis = gasto todo meu salário e ainda uso limite do cartão de crédito. Água até o pescoço!
- Despesas fixas + despesas variáveis = não sobra nada. Gasto tudo. Água no peito, com menos esforço que os outros dois, sai dessa.
- Despesas fixas + despesas variáveis = sobra um pouco, mas não sei quanto e acabo gastando no outro mês ou fica na minha conta. Está com água na altura do quadril. Pode levar um caixote.
- Despesas fixas + despesas variáveis = sobra um pouco e guardo para um objetivo de curto, de médio e longo prazo. Está tranquilo, aproveitando as condições da maré e tomando um refrescante banho!
Se você está na categoria 1, você precisa revisar suas despesas – uma por uma – avaliar cortar gastos supérfluos. Entenda, tudo que não é essencial para sua sobrevivência é um gasto supérfluo neste momento: sabonete mais caro, sabão de lavar roupa mais caro, shampoo mais caro. Vai na feira melhor comprar a promoção. É melhor economizar agora, de maneira seletiva, do que se endividar mais e depois ter que ser ajudada por amigos e parentes. Você deve ligar para o seu cartão de crédito e renegociar a sua dívida. Proponha parcelas reais que cabem no seu orçamento. Corte da sua vida atividades de lazer que você tenha que pagar, vá passear em um parque, vá a casa de um amigo. Corte academia ou vá para uma mais barata. Resolva sua dívida para melhorar sua qualidade de vida no curto prazo. Na categoria 1 você é escrava da sua vida financeira. Se por algum motivo for demitida, terá que viver de auxílio de parentes, amigos ou governo. Se seu padrão de vida for alto, você venderá tudo dentro de casa e até mesmo a casa… reduza seu padrão de vida agora para não ser forçada a isso no futuro.
Na categoria 2, sua situação estará menos ruim. Diminua seu padrão de vida, reduza as suas despesas. Faça seu salário pagar as suas despesas. O cartão de crédito não é um dinheiro extra. Nesse ritmo, qualquer despesa inesperada lhe jogará na categoria 1. Reduzindo as suas despesas, sua meta é atingir a categoria 3.
Se você estiver na categoria 3, você tem uma chance de atingir a tranquilidade financeira. Não será fácil. Você vai ter que reduzir suas despesas variáveis e “fazer o dinheiro sobrar”. É neste momento que você precisa adiar as gratificações instantâneas e passar a priorizar o seu futuro. Nesse momento, você busca algum dinheiro para começar a investir e começar uma reserva de emergência.
Na categoria 4, você precisa apenas se organizar. Seu dinheiro já sobra, mas sem planos de curto, médio e longo prazo você também opta pelo prazer instantâneo. Sobrou um dinheirinho, você compra um presente, vai ao salão, vai a um restaurante… Não ter nenhum dinheiro guardado será um problema na sua velhice ou no caso de uma despesa grande e inesperada. Geralmente você pensa – ahhh adoraria conhecer a Amazônia, mas nossa muito caro, muito longe…não dá. Não se organiza e não faz planos. Aí não dá mesmo. Nesse momento, você pode se beneficiar muito do conhecimento de como o dinheiro funciona…
Na categoria 5, você só precisa investir de maneira consistente e manter seus planos de curto, médio e longo prazo. Não se deixar levar pelo feitiço da gratificação do curto prazo, do consumismo. No Experimento Financeiro, nosso trabalhador fictício se encontra neste nível. Ele ganha um salário mínimo mas consegue investir 10% todo mês, tem um objetivo ousado para 5 anos. Será possível? Acompanhe o experimento no Instagram, no Twitter. Neste post explico o que é o Experimento Financeiro – Do Um ao Cem em Cinco Anos.
Este post é uma introdução a educação financeira. Outros artigos se seguirão sobre este mesmo assunto. Desenvolverão cada um dos cinco passos que são fundamentais para a independência financeira.
Primeiro passo é: faça seu dinheiro sobrar no final do mês. Faça um orçamento doméstico. Entenda no seu dia a dia, o que é uma despesa fixa e o que é uma despesa variável. Se você tem dívidas, pague-as. Faça das tripas coração mas pague-as o mais rápido possível. Não caia na burrice de viver de dívida em dívida.
Segundo passo: com o dinheiro que sobra mensalmente, construa uma reserva de emergência. Eu explico aqui o que é, qual valor adequado, como ir construindo mês a mês, em qual investimento. Acompanhe o Experimento e veja como o nosso trabalhador está construindo a dele.
Terceiro passo: defina objetivos de curto, médio e longo prazo para o dinheiro que você faz sobrar todo mês. Seja realista. Entenda o que é ser realista. Blogg ainda é novo, farei um post sobre isso.
Quarto passo: invista de acordo com os conhecimentos que você tem sobre como o mercado financeiro funciona. Entenda que existe uma relação linear risco x retorno, ou seja o risco acompanha o retorno. Quer retorno alto? Correrá risco alto! Discutirei sobre risco x retorno neste post.
Quinto passo: estude mais e mais sobre finanças, economia, leia balanços ou delegue seus investimentos para quem estuda. Almeje um rendimento anual mínimo por um período de longo prazo. Veja o espetáculo dos juros compostos e aumente seu patrimônio. Atinja o seu número da felicidade. Leia esse post sobre a mágica dos juros compostos.
Você não acredita em mim? Não acha possível? O Experimento Financeiro tentará multiplicar o capital de R$ 1210,00 em R$ 100.000,00 em cinco anos, no entanto mesmo que esse resultado espantoso não seja alcançado, ainda assim o patrimônio será aumentado. Disso não tenho nenhuma dúvida. Minha dúvida é se irá multiplicar por 100x, daí o Experimento. O patrimônio irá aumentar. Qual a magnitude? Veremos em 05/02/2029! Veja o resultado do primeiro mês aqui – Fevereiro de 2024!
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